Indústria nacional teme exclusão diante de incentivos bilionários para IA Setor teme que benefícios dos EUA e isenção no Brasil favoreçam big techs e deixem empresas locais fora da cadeia de valor
Uma ordem executiva dos Estados Unidos que cria o American AI Exports Program entra em vigor em outubro e já coloca pressão sobre outros países.
Enquanto o Brasil ainda não aprova sua política para data centers, os EUA estão a poucos dias de transformar incentivos em vantagem competitiva — deixando o Brasil novamente para trás na corrida global da inteligência artificial.
O programa americano prevê apoio financeiro e diplomático para vender “produtos acabados” de IA — que incluem chips, servidores, softwares, nuvem e data centers —, mas deixa de fora a participação de indústrias locais.
Ao mesmo tempo, as multinacionais pressionam pela aprovação do ReData, programa brasileiro que prevê isenção de impostos para equipamentos de data centers.
A combinação dos dois incentivos cria, segundo representantes do setor, um “duplo benefício” que favorece empresas estrangeiras e ameaça a competitividade da indústria nacional, já sobrecarregada por altos custos de energia e infraestrutura.
O governo estima que o ReData pode atrair investimentos bilionários nos próximos anos. A Medida Provisória que cria o programa já foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e deve ser publicada nesta quarta-feira (17).
O impacto fiscal já foi incluído no Orçamento de 2026 e deve custar R$ 5,2 bilhões aos cofres públicos.
Inicialmente, o benefício valerá apenas para equipamentos de tecnologia da informação, como servidores, GPUs e switches, deixando de fora custos como construção civil, energia e refrigeração, que só devem ser tratados a partir de 2027.
Enquanto o programa não é lançado, a indústria nacional alerta que o Brasil corre risco de se tornar apenas consumidor de tecnologia importada, sem capturar valor agregado na cadeia de inteligência artificial.
Em bastidores, representantes do governo dizem que a demanda do setor de tecnologia "ainda não chegou" e qualquer governo que adote uma política de promoção das exportações, é uma questão externa, "que não nos compete".
Além disso, foi pedido uma estimativa de impacto para melhorar a tributação para a indústria nacional que também não teria sido apresentada, o que, na visão de técnicos, empobrece o argumento apresentado.
Acompanhe Economia nas Redes Sociais