Após anos, EUA e China devem finalizar acordo sobre TikTok; entenda Acordo permitiria que o TikTok continue operando nos EUA, com 80% das ações em mãos americanas. Negociação é crucial para encontro entre líderes dos dois países

Global News Space 19/09/2025 15:39

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder chinês Xi Jinping se falaram por telefone na manhã desta sexta-feira (19) para finalizar um acordo que venderia a maior parte dos ativos do TikTok nos EUA para investidores americanos.

O acordo, se fechado, concluiria um esforço de anos que começou durante o primeiro mandato de Trump e se tornou um fator-chave nas negociações mais amplas entre os Estados Unidos e a China nos últimos meses.

Na segunda-feira (15), o secretário do Tesouro americano Scott Bessent e Li Chenggang, vice-ministro do Comércio da China, afirmaram que um acordo preliminar para a venda do TikTok foi alcançado durante negociações realizadas em Madri entre diplomatas dos dois países.

A proposta permitiria que o TikTok continue operando nos Estados Unidos.

O ex-presidente Joe Biden havia assinado um projeto de lei bipartidário aprovado pelo Congresso, que entrou em vigor em 19 de janeiro, proibindo o TikTok a menos que cedesse o controle de pelo menos 80% de seus ativos a operadores americanos.

Trump, no entanto, suspendeu a proibição várias vezes enquanto sua administração buscava uma venda por meio de um acordo com a China.

Nenhum dos lados divulgou os termos do acordo, pois ele ainda não foi finalizado. Porém, fontes familiarizadas com a estrutura disseram que a proposta envolveria investimentos de várias empresas de capital de risco, fundos de private equity e empresas de tecnologia dos EUA.

Entre os investidores, que deteriam a participação majoritária na empresa, estão Oracle, Andreessen Horowitz e Silver Lake, segundo as fontes. Investidores chineses manteriam os 20% restantes da empresa.

O novo consórcio seria operado por um conselho com maioria americana, incluindo um membro indicado pela administração Trump. O Wall Street Journal foi o primeiro a reportar os detalhes da estrutura do acordo.

"Quaisquer detalhes sobre a estrutura do acordo do TikTok são pura especulação, a menos que sejam anunciados por esta administração", disse à CNN um alto funcionário da Casa Branca. O TikTok e sua empresa controladora ByteDance não responderam aos pedidos de comentário da CNN sobre o status do acordo.

O acordo e as conversações são um precursor para uma reunião entre Trump e Xi, que ambos os lados têm buscado há meses, disseram autoridades americanas na segunda-feira após o anúncio do plano preliminar.

Sem um acordo do TikTok estabelecido, um encontro entre Trump e Xi não seria possível, afirmaram as autoridades americanas.

Um acordo torna mais provável um encontro entre os dois líderes durante a visita de Trump à Ásia no final de outubro, segundo autoridades.

Até agora, a China tem se mostrado relutante em permitir que a ByteDance abra mão de sua participação nos EUA.

No entanto, com o aumento das tensões comerciais entre as empresas durante a primavera e ao longo do verão – evidenciado pelo anúncio chinês na segunda-feira de que a Nvidia violou suas leis antitruste – as autoridades chinesas aparentemente decidiram cooperar.

A maior parte do acordo – organizando um grupo de investidores liderado pelos americanos para comprar os ativos do TikTok nos EUA – havia sido concluída em abril, disse Bessent na segunda.

Porém, quando as enormes tarifas do "Dia da Libertação" de Trump entraram em vigor, efetivamente estabelecendo um embargo sobre todos os produtos chineses, as negociações do TikTok entraram em um impasse.

Após a redução das tarifas e a retomada das conversas entre EUA e China, Bessent disse que tanto Trump quanto Xi manifestaram interesse em retomar as discussões sobre o TikTok.

No entanto, detalhes importantes ainda precisavam ser resolvidos, incluindo preocupações com a segurança nacional dos EUA e a disposição da China em aprovar o acordo.

TikTok ficou temporariamente fora do ar nos Estados Unidos em 18 de janeiro, um dia antes da entrada em vigor da Lei de Aplicativos Controlados por Adversários Estrangeiros.

Mas em 19 de janeiro, um dia antes de Trump assumir seu segundo mandato, ele disse que assinaria uma ação executiva no início de seu mandato garantindo que as empresas americanas não seriam punidas por hospedar o TikTok em suas lojas de aplicativos ou servidores.

A lei concede ao presidente ampla discricionariedade sobre como aplicar a proibição, e Trump já adiou a data de aplicação quatro vezes – mais recentemente para meados de dezembro. Críticos, no entanto, afirmam que as extensões de Trump contrariaram a vontade do Congresso.

Trump, ao final de seu primeiro mandato, havia defendido o banimento do TikTok – uma política que nunca foi aprovada, mas que Biden acabou apoiando e transformando em lei.

No entanto, a opinião de Trump mudou depois que ele passou a ver o aplicativo de mídia social como um contribuinte para sua vitória eleitoral em 2024.

O TikTok conta com cerca de 170 milhões de usuários nos EUA, muitos deles jovens – um contingente que ofereceu significativamente mais apoio ao candidato republicano nas eleições de 2024 do que esse segmento da população tem demonstrado nos últimos anos.

Trump tem repetidamente afirmado que um acordo está próximo, mas somente nesta segunda-feira surgiu um avanço significativo.

*Alayna Treene e Kevin Liptak, da CNN, contribuíram para esta reportagem.