PEDIU DESCULPAS À REITORA Prefeito reconhece erro ao chamar UFMT de ‘bosta’ e critica militância na universidade
O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), gravou um vídeo pedindo desculpas à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), reconhecendo que chamar a instituição de ‘bosta’ foi um equívoco, principalmente diante da história da universidade de 55 anos. Apesar de recuar, o prefeito disse que sua chateação não é atribuída ao ensino da instituição, e sim a militância política praticada dentro dos campus.
Nas redes sociais o gestor se explicou afirmando que se expressou mal, diante de uma indignação pessoal, que segundo ele arrasta por algum tempo. No entanto, reforçou que respeita a universidade e reconhece sua contribuição0 À comunidade cuiabana.
“Não é bom eu atacar uma instituição como a UFMT, chamando de bosta. Minha opinião, minha insatisfação, ou lamentação, nem precisa ser exposta dessa forma e nem usar as palavras como eu usei. Chamar a universidade federal de bosta vai contra, o que eu acredito na própria universidade. Só que eu estava muito chateado no momento daquela entrevista por causa da militância que se faz dentro da própria instituição”, anunciou.
Ainda na gravação, Abilio menciona o assassinato de Solange Aparecida Sobrinho, 52, no fim de julho, dentro da universidade e criticou a falta de mobilização da instituição e de "militantes" em busca de mais segurança. Ele argumenta que o campus enfrenta problemas como furtos, assaltos e uso de drogas, mas não viu manifestações.
“Há poucos dias morreu uma mulher assassinada, dentro da universidade federal. Eu não vi a universidade fazer um ato de apoio, ou mobilização em defesa ou em busca de mais segurança, não vi. Eu não vi esses militantes todos irem para a rua e falarem precisamos de mais segurança na universidade federal. Está tendo muito furto, assalto, drogas e militância política da esquerda lá dentro”, emenda.
A fala polêmica foi amplamente criticada pela comunidade acadêmica e política, há cerca de seis dias. Para reforçar o apreço pela universidade, Abilio disse que enquanto deputado federal foi o que mais enviou emendas parlamentares para a universidade, durante os dois anos de Câmara Federal.
“Eu sou o deputado federal que mais mandou emendas para a universidade. Quero que as emendas parlamentares que eu mandei sejam usadas para melhorar o sistema educacional. Melhorar a infraestrutura, as condições da universidade. Eu amo a universidade, se não amassa não mandava boa parte das minhas emendas como deputado federal. Eu mandei por dois anos seguidos. Mandei para UFMT, IFMT e instituições de ensino técnico”, afirma.
Finalizando, o prefeito pede desculpas por ter usado uma palavra inapropriada e esclarece que sua intenção era expressar insatisfação com a conduta e a militância na universidade. Ele reitera sua crença na importância da instituição para a sociedade, mas ressalta que ela "está longe de ser o que já foi".
“Gostamos da instituição, acreditamos nela. Mas, ela está longe de ser o que já foi. Então peço desculpas àqueles que se ofenderam e dizer que usei a palavra inapropriada. Eu posso dizer que estou insatisfeito com a conduta, posso dizer que estou insatisfeito com a militância. A universidade é importante para a população, importante para nossa história é importante para Cuiabá”, finaliza.
Apesar da crítica quanto à falta de mobilização por segurança, um dia após a morte de Solange Aparecida, estudantes da universidade encabeçaram uma caminhada no polo cobrando mais segurança para a universidade. O ato gerou inclusive uma reunião da reitoria com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), Centros Acadêmicos e representantes. Durante o encontro, a gestão recebeu oficialmente a Carta Compromisso pela Segurança, documento construído de forma coletiva pelo movimento estudantil, com dez propostas prioritárias voltadas à proteção da comunidade universitária.
Durante a reunião, a Reitoria apresentou ações já em curso, como a adesão ao programa estadual Vigia Mais, que permitirá videomonitoramento em tempo real vinculado à Secretaria de Segurança Pública. Também foi anunciada a criação de um aplicativo com botão de pânico digital, funcionando apenas dentro da universidade.
Outras ações estruturantes incluem:
Retomada de obras como o Centro de Vivência, parado há 11 anos; Reabertura da guarita 2, para garantir acesso digno à Casa do Estudante; Troca de mais de 1.000 luminárias em Cuiabá, Sinop e Araguaia; Reestruturação da Secretaria de Direitos Humanos, com foco em assédio e apoio psicossocial; Ampliação do transporte interno com novos motoristas e extensão do horário do “ligeirinho”.