Especialista: reunião com Lula teria demandas de Trump, não apaziguamento Professor de Relações Internacionais Vitelio Brustolin analisa possível reunião entre os líderes e alerta para necessidade de cautela, citando recentes sanções americanas ao Brasil
A possibilidade de um encontro entre o presidente Lula (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na próxima semana ganhou destaque após o anúncio surpresa feito pelo próprio Trump. A revelação pegou de surpresa a comitiva brasileira, já que a informação não havia sido divulgada pelo Itamaraty ou pelo Palácio do Planalto.
O professor de Relações Internacionais da UFF Vitelio Brustolin, durante o Bastidores CNN, alertou que o momento exige moderação na análise. Ele destaca que os Estados Unidos acabaram de sancionar figuras públicas brasileiras, com indicativos do Departamento de Estado americano sobre uma possível agenda progressiva de sanções, que pode ficar suspensa até o encontro.
Histórico de tensões
Brustolin ressalta que uma eventual reunião entre os líderes não seria necessariamente de apaziguamento, mas sim de demandas americanas ao Brasil. Trump já manifestou insatisfação com as tarifas e o que considera protecionismo brasileiro, defendendo um realinhamento do Brasil com os Estados Unidos.
O especialista também relembra encontros malsucedidos na Casa Branca em 2023, como a reunião com líderes africanos que resultou em confrontos diplomáticos. No entanto, ele enfatiza que o diálogo entre as nações é fundamental, considerando os 201 anos de relações comerciais e diplomáticas entre os países.
Questões comerciais em pauta
As negociações comerciais podem ser um ponto importante da agenda, especialmente considerando que o Brasil enfrenta algumas das tarifas mais elevadas do mundo, chegando a 50%. Brustolin compara a situação com a Índia, que enfrenta tarifas similares por comprar hidrocarbonetos e derivados de petróleo russos, prática também adotada pelo Brasil.