Análise: Hugo tira o pé da anistia e põe segurança no foco na Câmara Temas de grande alcance eleitoral dominam lista de prioridades e deixam pouco espaço para debate sobre redução de penas

Global News Space 03/10/2025 16:17

Segurança pública, falsificação de bebidas, trabalho por aplicativo, inteligência artificial, reforma administrativa. Todos esses assuntos serão prioridade absoluta na pauta da Câmara dos Deputados no curto prazo, segundo a projeção feita nesta manhã (3) ao Live CNN pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

A relação extensa de projetos que o parlamentar espera aprovar já nos próximos meses deixa pouco ou quase nenhum espaço para a maior demanda do bolsonarismo: um perdão das penas aos condenados na trama golpista e no 8 de Janeiro, que vem sendo articulado sob relatoria do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade-SP).

 

motivo, diz Hugo Motta, é que não há sequer texto pronto. Quando o relator concluir as negociações, aí então poderá se discutir o assunto votação.

Mas o que se viu na entrevista concedida por Hugo foi um presidente da Câmara decidido a deixar para trás de vez o desgaste provocado pelo descompasso entre a pauta da Casa e o anseio da população.

A maior expressão da recente crise de imagem ostentada pelos deputados foi, sem dúvida, a PEC da Blindagem, enterrada no Senado após as críticas ao projeto ganharem as ruas. Os senadores abraçaram as honras de enterrar a proposta duramente atacada pela opinião pública. Aos deputados, restou amargar a perda de popularidade.

Entre frases sobre o “diálogo com a sociedade” e o foco na “vida real do brasileiro”, embaladas pela recente aprovação da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, Hugo Motta dedicou atenção especial a um setor: segurança. Prometeu votar a PEC da Segurança Pública antes do fim do ano. E disse querer passar ainda neste mês um pacote de projetos de lei apresentado pelos 27 secretários estaduais da área. A ordem, disse Motta, é que a Câmara vote “semanalmente” projetos que tratem desse assunto.

Na prática, o movimento de Hugo tem efeito duplo. Além de contribuir para aliviar o desgaste da PEC da Blindagem, ele marca a entrada da Câmara entra em modo eleições. Muitos dos projetos que serão priorizados nas próximas semanas — senão todos — têm potencial eleitoral expressivo. E serão certamente usados pelos deputados para dialogar com suas bases. A dúvida é como se dará a articulação dessas propostas a partir de agora. E o que entrará na mesa de negociações. Seja com o governo Lula ou com a oposição.